sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Economistas da Unicamp lançam Manifesto em Defesa da Civilização

 
Diante do quadro de regressão social que atinge os países ditos desenvolvidos, um grupo de economistas formados pela Unicamp decidiu elaborar um "Manifesto em Defesa da Civilização". "Estamos, hoje, vivendo uma crise que nega os princípios fundamentais que regem a vida civilizada e democrática? Quanto tempo mais a humanidade suportará tamanha regressão?" - pergunta o manifesto. As respostas para tais questões, acrescenta, não serão encontradas nos meios de comunicação de massa, "ocupados hoje por aparatos comprometidos com a força dos mais fortes e controlado pela hegemonia das banalidades".
 
Diante do quadro de regressão social que atinge os países ditos desenvolvidos, com supressão progressiva de direitos, um grupo de economistas formados pela Unicamp decidiu elaborar um "Manifesto em Defesa da Civilização". Assinaturas começaram a ser colhidas tambémpelo site Petição Pública e a iniciativa se espalhou. O documento pergunta:
 
Estamos nós, hoje, vivendo uma crise que nega os princípios fundamentais que regem a vida civilizada e democrática? E se isso for verdade: quanto tempo mais a humanidade suportará tamanha regressão?
 
Segue a íntegra do manifesto:
 
MANIFESTO EM DEFESA DA CIVILIZAÇÃO
 
Vivemos hoje um período de profunda regressão social nos países ditos desenvolvidos. A crise atual apenas explicita a regressão e a torna mais dramática. Os exemplos multiplicam-se. Em Madri uma jovem de 33 anos, outrora funcionária dos Correios, vasculha o lixo colocado do lado de fora de um supermercado. Também em Girona, na Espanha, diante do mesmo problema a Prefeitura mandou colocar cadeados nas latas de lixo. O objetivo alegado é preservar a saúde das pessoas.
 
Em Atenas, na movimentada Praça Syntagma situada em frente ao Parlamento, Dimitris Christoulas, químico aposentado de 77 anos, atira contra a própria cabeça numa manhã de quarta-feira. Na nota de suicídio ele afirma ser essa a única solução digna possível frente a um Governo que aniquilou todas as chances de uma sobrevivência civilizada. Depois de anos de precários trabalhos temporários o italiano Angelo di Carlo, de 54 anos, ateou fogo a si próprio dentro de um carro estacionado em frente à sede de um órgão público de Bologna.
 
Em toda zona do euro cresce a prática medieval de anonimamente abandonar bebês dentro de caixas nas portas de hospitais e igrejas. A Inglaterra do Lord Beveridge, um dos inspiradores do Welfare State, vem cortando recorrentemente alguns serviços especializados para idosos e doentes terminais. Cortes substantivos no valor das aposentadorias e pensões constituem uma realidade cada vez mais presente para muitos integrantes da chamada comunidade europeia. Por toda a Europa, museus, teatros, bibliotecas e universidades públicas sofrem cortes sistemáticos em seus orçamentos. Em muitas empresas e órgãos públicos é cada vez mais comum a prática de trabalhar sem receber. Ainda oficialmente empregado é possível, ao menos, manter a esperança de um dia ter seus vencimentos efetivamente pagos. Em pior situação está o desempregado. Grande parte deles são jovens altamente qualificados.
 
A massa crescente de excluídos não é um fenômeno apenas europeu. O mesmo acontece nos EUA. Ali, mais do que em outros países, a taxa de desemprego tomada isoladamente não sintetiza mais a real situação do mercado de trabalho. A grande maioria daqueles que hoje estão empregados ocupam postos de trabalhos precários e em tempo parcial concentrados no setor de serviços. Grande parte dos postos mais qualificados e de melhor remuneração da indústria de transformação foram destruídos pela concorrência chinesa.
 
Nesse cenário, a classe média vai sendo espremida, a mobilidade social é para baixo e o mercado de trabalho vai ficando cada vez mais polarizado no país das oportunidades. No extremo superior, pouquíssimos executivos bem remunerados que têm sua renda diretamente atrelada ao mercado financeiro. No extremo inferior, uma massa de serviçais pessoais mal pagos sem nenhuma segurança, que vivem uma realidade não muito diferente dos mais de 100 milhões que recebem algum tipo de assistência direta do Estado. O Welfare State, ao invés de se espalhar pelo planeta, encampando as tradicionais hordas de excluídos, encolhe, aumentando a quantidade de deserdados.
 
Muitos dirão que essa situação será revertida com a suposta volta do crescimento econômico e a retomada do investimento na indústria de transformação nestes países. Não é verdade. É preciso aceitar rapidamente o seguinte fato: no capitalismo, o inevitável avanço do progresso tecnológico torna o trabalho redundante. O exponencial aumento da produtividade e da produção industrial é acompanhado pela constante redução da necessidade de trabalhadores diretos. Uma vez excluídos, reincorporam-se – aqueles que o conseguem – como serviçais baratos dentro de um circuito de renda comandado pelos detentores da maior parcela da riqueza disponível. Por isso mesmo, a crescente desigualdade de renda é funcional para explicar a dinâmica desse mercado de trabalho polarizado.
 
Diante desse quadro, uma pergunta torna-se inevitável: estamos nós, hoje, vivendo uma crise que nega os princípios fundamentais que regem a vida civilizada e democrática? E se isso for verdade: quanto tempo mais a humanidade suportará tamanha regressão?
 
A angústia torna-se ainda maior quando constatamos que as possibilidades de conforto material para a grande maioria da população deste planeta são reais. É preciso agradecer ao capitalismo, e ao seu desatinado desenvolvimento, pela exuberância de riqueza gerada. Ele proporcionou ao homem o domínio da natureza e uma espantosa capacidade de produzir em larga escala os bens essenciais para as satisfações das necessidades humanas imediatas. Diante dessa riqueza, é difícil encontrar razões para explicar a escassez de comida, de transporte, de saúde, de moradia, de segurança contra a velhice, etc. Numa expressão, escassez de bem estar!
 
Um bem estar que marcou os conhecidos “anos dourados” do capitalismo. A dolorosa experiência de duas grandes guerras e da depressão pós 1929, nos ensinou que deveríamos limitar e controlar as livres forças do mercado. Os grilhões colocados pela sociedade na economia explicam quase 30 anos de pleno emprego, aumento de salários e lucros e, principalmente, a consolidação e a expansão do chamado Estado de Bem Estar Social. Os direitos garantidos pelo Estado não deveriam ser apenas individuais, mas também coletivos. Vale dizer: sociais. Dessa maneira, ao mesmo tempo em que o direito à saúde, à previdência, à habitação, à assistência, à educação e ao trabalho eram universalizados, milhares de empregos públicos de médicos, enfermeiras, professores e tantos outros eram criados.
 
O Welfare State não pode ser interpretado como uma mera reforma do capitalismo, mas sim como uma grande transformação econômica, social e política. Ele é, nesse sentido, revolucionário. Não foi um presente de governos ou empresas, mas a consequência de potentes lutas sociais que conseguiram negociar a repartição da riqueza. Isso fica sintetizado na emergência de um Estado que institucionalizou a ética da solidariedade. O individuo cedeu lugar ao cidadão portador de direitos.
 
No entanto, as gerações que cresceram sob o manto generoso da proteção social e do pleno emprego acabaram por naturalizar tais conquistas. As novas e prósperas classes médias esqueceram que seus pais e avós lutaram e morreram por isso. Um esquecimento que custa e custará muito caro às gerações atuais e futuras. Caminhamos para um Estado de Mal Estar Social!
 
Essa regressão social começou quando começamos a libertar a economia dos limites impostos pela sociedade, já no início dos anos 70. Sob o ideário liberal dos mercados, em nome da eficiência e da competição, a ética da solidariedade foi substituída pela ética da concorrência ou do desempenho. É o seu desempenho individual no mercado que define sua posição na sociedade: vencedor ou perdedor.
 
Ainda que a grande maioria das pessoas seja perdedora e não concorra em condições de igualdade, não existem outras classificações possíveis. Não por acaso o principal slogan do movimento Occupy Wall Street é “somos os 99%”. Não por acaso, grande parte da população espanhola está indignada.
 
Mesmo em um país como o Brasil, a despeito dos importantes avanços econômicos e sociais recentes, a outrora chamada “dívida social” ainda é enorme e se expressa na precariedade que assola todos os níveis da vida nacional. Não se pode ignorar que esses caminhos tomados nos países centrais terão impactos sob essa jovem democracia que busca, ainda, universalizar os direitos de cidadania estabelecidos nos meados do século passado nas nações desenvolvidas.
 
Como então acreditar que precisamos escolher entre o caos e austeridade fiscal dos Estados, se essa austeridade é o próprio caos? Como aceitar que grande parte da carga tributária seja diretamente direcionada para as mãos do 1% detentor de carteiras de títulos financeiros? Por que a posse de tais papéis que representam direitos à apropriação da renda e da riqueza gerada pela totalidade da sociedade ganham preeminência diante das necessidades da vida dos cidadãos? Por que os homens do século XXI submetem aos ditames do ganho financeiro estéril o direito ao conforto, à educação e à cultura?
 
As respostas para tais questões não serão encontradas nos meios de comunicação de massa. Os espaços de informação e de formação da consciência política e coletiva foram ocupados por aparatos comprometidos com a força dos mais fortes e controlado pela hegemonia das banalidades. É mais importante perguntar o que o sujeito comeu no café da manhã do que promover reflexões sobre os rumos da humanidade.
 
A civilização precisa ser defendida! As promessas da modernidade ainda não foram entregues. A autonomia do indivíduo significa a liberdade de se auto-realizar. Algo impensável para o homem que precisa preocupar-se cotidianamente com sua sobrevivência física e material. Isso implica numa selvageria que deveria ficar restrita, por exemplo, a uma alcateia de lobos ferozes. Ao longo dos últimos de 200 anos de história do capitalismo, o homem controlou a natureza e criou um nível de riqueza capaz de garantir a sobrevivência e o bem estar de toda a população do planeta. Isso não pode ficar restrito para uma ínfima parte. Mesmo porque, o bem estar de um só é possível quando os demais à sua volta encontram-se na mesma situação. Caso contrário, a reação é inevitável, violenta e incontrolável. A liberdade só é possível com igualdade e respeito ao outro. É preciso colocar novamente em movimento as engrenagens da civilização.
 
Fonte: Agência Carta Maior

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A reprodução da opressão

Segue a dica de um curta metragem argentino chamado El Empleo, em português, O Emprego, de Santiago "Bou" Grasso.

O curta demonstra a reprodução da opressão na vida, no trabalho, em todas as esferas da sociedade. Reparem nas mulheres do vídeo, como são retratadas! E pensem na reprodução de modelos de exercício do poder!

Assistam até o final, vale a pena!





sexta-feira, 23 de setembro de 2011

A primavera e as Nações.

Palavras para se lembrar:
vida, alma e esperança,
coragem e sinceridade.
Palavras ditas e benditas por Dilma Roussef, a primeira mulher a abrir a assembléia geral das Nações Unidas em toda a história da humanidade.

Início da primavera no Brasil, campanha salarial do segundo semestre em evolução, plenária nacional da CUT se aproximando, Dilma Roussef primeira mulher na presidência da república discursa nas Nações Unidas. Os trabalhadores e trabalhadoras no Brasil vivenciam um momento ímpar de oportunidades, vivemos a oportunidade de aprofundarmos as conquistas obtidas nos últimos anos, vivemos também a oportunidade de protagonizarmos o cenário sindical brasileiro, caminhando nas ruas defendendo nossas bandeiras históricas de liberdade e autonomia sindical, de um sindicalismo dos trabalhadores a serviço da classe trabalhadora.
Para tanto é precisa romper uma inércia comportamental de boa parte das entidades sindicais, nós sindicatos filiados à CUT temos a responsabilidade de apontarmos o norte e avançar na superação da exploração e construir uma sociedade sem explorados.
Hoje um palestino falará também pela primeira vez em 63 anos para as 193 nações reunidas na Assembléia Geral da ONU, reinvindicando que o Estado Palestino seja reconhecido como uma nação soberana e que seja a 194ª nação participante da organização.
O velho mundo vive um outono sintomático, decadência da economia, velhos paradigmas ruindo sob a soberba do neoliberalismo anunciando também um inverno rigoroso para todos, rigoroso no sentido do desemprego e da falta de perspectivas principalmente para a classe trabalhadora.
Enquanto isso a primavera faz florescer no Brasil um tempo de mudanças, o projeto em disputa no cenário político nacional coloca mais uma vez de um lado aqueles que se locupletam com a miséria de muitos em seu próprio benefício, de outro lado a classe trabalhadora e nós da CUT, protagonistas de nosso tempo e semeadores de um tempo melhor, de um outro mundo possível, um mundo onde homens e mulheres poderão falar às gerações futuras que um povo que possui vida, alma e esperança, e que tenha como armas a coragem e sinceridade, é um povo vitorioso.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Formação de Formadores - Gênero 2011


O filme passa-se em Los Angeles, onde imigrantes mexicanos ilegais trabalham como faxineiros do turno da noite em um edifício de escritórios, por salários humilhantes. Eles não têm assistência médica, nenhuma proteção trabalhista e ainda suportam um patrão abusivo, até que conhecem Sam, um ativista americano que luta pelos direitos dos oprimidos. À partir daí começa uma luta por justiça e condições dignascheia de dramas, preconceitos e dificuldades, mas também de vitórias.


Pão e Rosas
James Oppenheim          


Enquanto vamos marchando, marchando na beleza do dia,

Um milhão de cozinhas escuras, milhares de galpões de fábricas

São tocadas com todo o brilho que um sol repentino desvela,

Para que o povo nos ouça cantando: “Pão e rosas! Pão e Rosas!

Enquanto vamos marchando, marchando, lutamos também pelos homens

Pois eles são filhos de mulheres, e nós os maternamos novamente

Nossas vidas não devem ser suadas do nascimento até o seu fechar

Corações são famintos assim como corpos; dê-nos pão, mas também rosas.
Enquanto marchamos, marchamos, incontáveis mulheres mortas

Clamam através da nossa cantiga o seu choro ancestral por pão

Suas almas cansadas conheceram pouca arte e amor e beleza

Sim, é por pão que lutamos—mas lutamos por rosa também!
Enquanto marchamos, marchamos, trazemos dias melhores.
A ascensão das mulheres é a ascensão da humanidade

Não mais oprimidos e opressores -- dez que trabalham duro enquanto um nada faz.

Mas a partilha das glorias da vida: Pão e Rosas! Pão e Rosas!

Greve dos trabalhadores têxteis imigrantes em Lawrence, Massachusetts em 1912 sob o comando da IWW (Industrial Workers of the World) que ficou conhecida como a "Greve do Pão e Rosas", por associar-se ao poema acima escrito na época e reivindicar salários justos e condições dignas.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Como estrelas na terra


Como estrelas na terra
elas estão por toda parte
em cada canto que se note
e em cada instante do debate.

Como estrela que brilha
no reflexo da retina
e no reflexo do pensar
pensemos todos e cada um,
num novo modo de ensinar.

Ensinemos aprendendo
e aprendamos a ensinar
ensinando e aprendendo
nova sociedade conjugar.

Como estrelas na terra
sejamos sempre a brilhar
que uma nova primavera
de nós há de frutificar.